sábado, 12 de novembro de 2016

Anthony Passos um campeão de raça

O assimassim pretende conhecer o Clube de remo que ano após ano formou ateletas com espírito de sacrifício, luta e campeões. Apesar dos seus 90 anos o ADN está registado e o clube não perde a vontade de conquistar e sonhar.

Hoje conhecemos Antohony Passos, com 33 anos, é gerente de loja, licenciado em Marketing. Nasceu em França, é filho de Pai caminhense, emigrado em França, e de mãe espanhola, mas muito cedo regressou a Caminha. 

 



 Este atleta conta-nos um pouco do seu percurso e qual a fibra de um campeão.

Assimassim - Quando iniciaste no remo?

Anthony Passos – Se bem me recorda, foi em 1997. Logo a seguir aos Jogos Olímpicos de Atlanta, onde estiveram 2 atletas do SCC, facto que marcou o remo e caminha e que na altura fez com que o remo tanto se fala-se.

Aa – É sempre como remador? Ou tiveste outro percurso?

AP – Praticamente sim, houve um período enquanto miúdo que cheguei a andar no futebol ao mesmo tempo que o remo, mas cedo se notou que a minha área eram o desporto de endurance. Cheguei até inclusive a ganhar alguns corta-matos no desporto escolar e apurar-me para provas nacionais, mas a falta de clubes de atletismo no concelho quando era miúdo fez com que me virasse para o remo.

Aa – Porque escolheste o Sporting Clube Caminhense?

AP – Na altura falava-se do remo, havia os Olímpicos de Atlanta e muitos miúdos da minha idade então queriam ir para o remo. Na altura, também cada turma da escola ia ao remo em 3 aulas de Educação física , uma iniciativa que acabou e só viria a surgir mais recentemente passados muitos anos. E assim motivado ao mesmo tempo por alguns colegas de turma que foram para o remo, eu fui também experimentar, e sendo filho de Pai Pescador com tanta ligação a terra de Caminha e ao Rio e Mar este acabaria por se tornar o meu clube de sempre. Desde o primeiro dia até hoje.

Aa – Como te definirias como atleta?

AP – Persistente, provavelmente não sou daqueles atletas que geneticamente mais aptidão tem para a modalidade. Embora alguma lá esteja, pelo que são o trabalho diário, o sacrifício e a persistência as minhas maiores virtudes e quando meto algo na cabeça vou até ao fim ou até ao limite.

Aa – Quais foram as tuas conquistas no remo?

AP – Penso que foram bastante diversificadas e não vale a pena estar a enumerar tudo, não sou propriamente dos atletas que mais títulos conquistaram no clube nem dos chegou mais longe, mas resumindo foram já cerca de 20 titulos de campeão nacional, algumas Taças de Portugal, fui medalha de Ouro na Belgica na regata internacional FISA em Gent 2003 e já estive na selecção nacional. Também fui ganhando alguma provas e medalhas internacionais tanto em Portugal por todo o país como em Espanha (Orio, Castropol, Sevilha, Banyoles, Copa Iberica, etc) e recentemente participamos no campeonato do mundo de Remo de Mar, ficando em 2º na final B.





Aa – Existe algum galardão que consideres mais especial?

Não sendo provavelmente o mais importante que ganhei ou mais relevante em termos de impacto no clube, mas como já ouvi dizer algures: “não é a luta do cão que importa mas sim o tamanho dessa luta no cão”, e para mim a vitoria mais marcante foi o Shell de 8 de 2013.

Não pela dimensão do título nem por ser o Shell 8, uma vez que já tinha ganho vários títulos nesse barco, mas sim pelo que se teve de fazer para lá chegar. Provavelmente, foi o ano em que piores condições de treino tínhamos no clube, com poucos atletas e sem “estrelas” , e tínhamos pela frente um adversário fortíssimo, que aterrorizava. Se não me engano tinha 6 atletas na selecção nacional e que outras equipas no SCC consideradas muito mais poderosas que a nossa não tinha conseguido derrotar durante os 4 anos anteriores. E é aqui que em Caminha muitos acreditavam que nossa ambição de vencer o nacional era uma anedota, mas no final vencemos e tivemos que fazer o melhor tempo de sempre em Campeonatos Nacionais de Velocidade para vencer esse adversário por escassas décimas, batendo um record de pista que tinha sido estabelecido pelo Clube Náutico de Viana em 2006. Nesta questão é verdade que muitos contam histórias e cada um conta a sua mas os registos oficiais estão na federação para quem os quiser ver e o nosso está lá e perdura ainda hoje, estou a falar claro desde que foi inaugurada a pista de Montemor-o-Velho e de Campeonatos Nacionais de Velocidade, do resto e do que vem para trás desconheço. Por isso, este é o título mais marcante, não o mais importante mas sim o mais marcante.

Hoje, apesar de muitos já não remarem ainda nos juntamos todos os anos para jantaradas, só aquela equipa e acredito que deve haver muito pouca gente para alem de nós a fazer o mesmo, e é destas coisas que de melhor tiramos do remo, já que medalhas e mais medalhas são apenas kilos de metal que ao longo dos anos acumulamos numa gaveta.


Aa – Tu e outro atleta do Sporting Clube Caminhense foram os primeiros portugueses a participar numa prova internacional de remo do mar. Que significou para ti?

AP – Significou um orgulho pertencer ao Sporting Club Caminhense e ter a honra de escrever mais um pequeno ponto na imensa história do clube ao fazer parte da primeira equipa portuguesa a participar no Campeonato do Mundo de Remo de Mar, com uma prestação que se pode considerar boa, disputando até ao fim uma final B na linha da frente onde inúmeras vezes durante a regata o leão do SCC podia ser visto nas filmagens que estavam a ser difundidas em directo do site da FISA para todo o mundo.

Aa – Quais são os teus objectivos para esta época?

AP – Em primeiro lugar vencer o Campeonato Nacional de Velocidade e voltar a participar no Campeonato do Mundo de Remo de Mar em 2017, preparando melhor essa campanha ao longo do ano.

Depois está o circuito nacional de remo de mar que o ano passado eu não pude participar mas que gostaria de encarar seriamente este ano, no entanto os compromissos profissionais e o resto do calendário competitivo ditarão se será possível.

O resto é participar em todas as regatas possíveis e tentar o melhor resultado possível sem grandes obsessões mas com vista a preparar o objectivo principal.

Aa – Já pensaste nos Jogos Olímpicos?

AP – É complicado e agora também já começa a ser tarde. Para chegar aos Jogos Olímpicos como remador português. Para alem de talento, tem que se dar uma série de circunstancias, condições e facilidades ao longo de muitos anos da vida de um atleta.

Não se fazem olímpicos de um dia para o outro, muitas vezes demora muitos anos. As pessoas têm que estudar, desenhar o seu futuro e sobretudo começam a trabalhar (pelo menos a maioria), e no meio deste caminho o sonho olímpico começa a tornar-se muito mais complicado.

Há alguns escassos atletas que tem sorte e conseguem conjugar um enorme talento para a modalidade com condições económicas e familiares que possibilitam uma entrega indispensável para se atingir esse patamar. Quando se atinge um determinado nível no panorama internacional começam a surgir alguns apoios que facilitam um pouco as coisas, tais como patrocinadores, subsídios até mesmo clubes que pagam (mas ainda assim ridículos quando olhamos para outros países). No entanto até lá chegar, no meio desse processo são precisas certas condições e facilidades aos atletas indispensáveis a esse desenvolvimento e que em Portugal não acontecem.

Aa – Que conselho deixas aos jovens para praticar remo?

AP – Persistência e paciência, sobretudo nos escalões mais jovens onde o factor maturação e puberdade muitas vezes causa grandes desigualdades em jovens da mesma idade. Mas todos acabamos por crescer, mais cedo ou mais tarde todos chegamos lá. Aqueles que se dedicam, quer demore mais ou menos tempo, acabam sempre por ganhar, SEMPRE. E quanto mais se repetir esse processo de empenho e dedicação ao longo dos anos mais longe um atleta irá chegar. Todo Campeão olímpico ou do Mundo começou um dia a remar e no dia que começou como o pior atleta do seu clube e a partir daí só podia melhorar.

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