Entrevista com Pedro Fernandes.
Sente e respira tudo o que rodeia o Sporting Clube Caminhense, as regatas, o companheirismo dos atletas e o crescer do clube. Tudo isto viveu desde os seus 9 anos, altura em que optou pela prática do remo.
Pedro Fernandes, natural de Seixas, com 38 anos de idade e um recheadíssimo curriculum desportivo.Connosco este atleta recordou, mas também falou das frustrações e sonhos quer como atleta como para o clube do seu coração, Sporting Clube Caminhense.
AA - O que o levou ao remo e, concretamente, ao Sporting Clube Caminhense?
Pedro Fernandes – É algo que ainda hoje não consigo explicar, eu experimentei futebol e nada, experimentei judo e karaté muito menos, experimentei hóquei e eram mais as vezes que estava no chão que a patinar… um certo dia ia a passar na ponte e vi barcos de remo no rio, pedi ao meu pai para ir até lá…
Posso dizer que foi logo nesse dia que quis ficar, experimentar e ser remador… Lembro-me que era o João Pinto o responsável pelos miúdos e a nossa empatia surgiu logo no primeiro dia, ensinou-me a remar e contaminou-me com o ADN que caracteriza o nosso clube.
AA – Como atleta e pessoa que conquistou com a prática do remo e estando nas fileiras do Sporting Clube Caminhense?
PF – Sem dúvida alguma foram os amigos, que ainda hoje o são… criam-se laços muito forte para a vida. O remo, não tenho a menor dúvida que me deu uma bagagem importante para enfrentar os problemas do dia-a-dia e consegui-los ultrapassar da melhor forma, ainda hoje remo para me sentir bem, relaxar e fugir à rotina diária da vida…
Claro que não posso deixar de falar das regatas, porque essas e todas elas de forma diferente nos marcaram, é algo que adoro, competir. E representar o Caminhense nas regatas é muito diferente de representar outro clube.
AA – É muito diferente a forma de treinar de um atleta dos dias de hoje e de à uns anos atrás?
PF – Tudo evolui, até o próprio conceito de mudança. E o remo não é excepção e tenta acompanhar a evolução dos tempos, recorrendo a todas as ajudas possíveis. As metodologias de treino, a formação dos treinadores… tudo evolui, Mas o homem continua a ser o homem… hoje existem muitas mais variáveis, muitos mais focos de distracção , os atletas têm, tal como no passado, estarem muito focalizados no seu objectivo . Hoje conseguem-se ajudas externas com muita mais facilidade, melhores barcos, melhores remos, melhor equipamento, mas o atleta tem da mesma forma que no passado treinar muito, ser muitas vezes avaliado e acompanhado para na hora certa tentar estar no seu melhor.
AA – Que necessita um atleta para ser bem sucedido?
PF – Não são muitos os ingredientes necessários, ter vontade e querer, o resto surge naturalmente dentro das condições que o clube tem…
AA – Houve momentos em que pensou em desistir? Porquê?
PF – Na minha adolescência, sim tive uma fase que me passou pela cabeça, pois alguns amigos desistiram e eu também me senti tentado, mas ainda bem que o gosto pelo remo e pelo clube não me deixaram desistir. Fico feliz por ter continuado pois foi a opção mais acertada.
AA – Que sente um atleta que termina uma regata e não sobe ao pódium?
PF – Podemos ter várias sensações, depende da preparação que tivemos até ali e dos sacrifícios que tivemos que fazer até lá chegar. Abdicar de muitas coisas, fazer muitos sacrifícios a época toda, treinar muitas horas e no final de tudo não conseguir chegar ao podium é de certa forma frustrante. Contudo, se demos o nosso melhor e não conseguimos vencer o adversário, temos que encaixar essa derrota e voltar mais forte… esta é sempre a motivação necessária para nos superarmos dia após dia para chegar ao topo do pódium.
AA – Por outro lado, que se sente quando se cruza a meta em 1º?
PF – Julgo ser uma sensação de dever cumprido e de objectivo alcançado, sabendo que o adversário também esteve no seu melhor e da próxima vai tentar estar melhor que nós.
AA – Destaque um prémio que tenha ganho e o faça sentir imenso orgulho?
PF – Representar Portugal com uma equipa completamente do Sporting Club Caminhense
AA – São inúmeros os galardões conquistados. Após todos estes anos como os cuida?
PF – Acho que todos os remadores os tem guardados numa caixa até que venha alguém, ou algum familiar, com vontade de lhes dar um fim mais digno. Pois Nós na grande maioria preocupamo-nos mais com a regata em si e como chegar melhor preparados à regata do que propriamente com os trofeus/medalhas conquistadas.
AA – Houve alguma regata que lhe tenha escapado que o desmotivou? Porquê?
PF – As regatas não nos desmotivam, pelo contrário, ganhamos mais vontade, força e querer para na próxima estarmos melhores e vencermos o adversário.
AA – E qual o título da sua carreira desportiva que destaca e quais os motivos?
PF – Poderia falar em vários, pois todos eles têm a sua história, mas lembro-me de um Campeonato Nacional em Shell de 8 Absoluto na Régua, que me lembrei de ser ligeiro 15 dias antes do campeonato, e foi a verdadeira loucura e irresponsabilidade. Poderia ter corrido tudo muito mal, mas nesse ano posso dize-lo com certeza, tive uma verdadeira equipa de grandes leões e amigos que me apoiaram desde a primeira remada da largada até à vitória final, sem eles nada teria sido igual….
AA – Complete a seguinte frase: Ser atleta do Sporting Clube Caminhense é …
PF – Um sonho que se torna realidade e vivemo-lo todos os dias até ao ultimo suspiro.
AA – E nesta que diria: o Sporting Club Caminhense é …
PF – A paixão de cada homem ou mulher que vestiu as suas cores, é a paixão de um povo.
AA – Qual o sonho que ainda acalenta como atleta e para o clube?
PF – Sonho um dia ver uma equipa 100% Sporting Club Caminhense representar Portugal nos Jogos Olímpicos
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